segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cerveja reincide na discriminação racial e de gênero


Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e demais entidades signatárias vem manifestar seu repúdio e exigir providências públicas cabíveis, somando-se ao Procon Municipal de Vitória (ES) que determinou a retirada da propaganda da Cerveja da marca “Devassa” de uma choperia, e que está publicada na Revista Rolling Stones (Número 51, dezembro de 2010, paginas 6 e 7) e cadernos especiais de jornais, a qual divulga a frase “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra...Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado”.
A referida frase, que vem acompanhada da imagem de uma mulher negra é explicitamente desrespeitosa em relação a essas mulheres, cujo processo de racismo e discriminação a que estão submetidas historicamente no Brasil é caracterizado, entre outras manifestações, pela veiculação de estereótipos e mitos sobre a sua sexualidade. Uma forma de manter barreiras ao seu processo de inclusão na cidadania como pessoas com iguais direitos.
Esta cultura foi legitimada e legitimadora da escravização a que foi submetido o povo negro trazido da África por quase 500 anos, quando as mulheres negras, desde meninas serviam de iniciação sexual dos brancos, afetando suas vidas, saúde, e violando a sua dignidade como pessoas. Discriminações racial e de gênero se somam tornando a luta das mulheres negras pela igualdade um desafio difícil de ser vencido.
O Brasil é detentor de legislação nacional que tipifica e criminaliza o racismo e as discriminações por gênero e raça, é signatário de documentos internacionais que vedam estas manifestações e protegem os direitos humanos.
Tendo em vista que esta publicidade viola os direitos humanos e a dignidade das mulheres negras, referindo-se ao seu corpo e sua sexualidade, e que a Cervejaria Devassa é reincidente na veiculação de publicidade em que trata mulheres a Rede Nacional Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, apoiada amplamente pelo movimento de mulheres, expressa sua indignação e exige providências do Conselho Nacional de Auto-regulamentação da Publicidade – CONAR, assim como encaminha aos órgãos de defesa dos direitos humanos solicitação de medidas cabíveis.

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